Concebido para complementar a programação da Semana Florestal Brasileira, o Encontro Brasileiro de Silvicultura, organizado pela Malinovski e Embrapa Florestas, é o principal palco de discussões sobre silvicultura do Brasil. Em sua quarta edição, realizada paralelamente ao Seminário de Colheita e Transporte de Madeira nos dias 09 e 10 de abril, tendências e soluções para o segmento foram apresentadas e discutidas por palestrantes altamente especializados, promovendo o intercâmbio técnico-científico entre profissionais e instituições que atuam na área florestal.

De forma geral, durante o evento, os palestrantes concluíram que discutir o estado da arte na silvicultura é essencial para que o setor brasileiro de florestas plantadas possa desenvolver suas atividades silviculturais e manter-se como um importante player no cenário mundial.

Os 400 profissionais presentes no evento, representantes das principais empresas de base florestal e instituições de pesquisa florestal do país, puderam acompanhar palestras divididas em quatro blocos temáticos principais: Mecanização e Automação na Silvicultura; Riscos e Produtividade Florestal; Novas Oportunidades e Mercados; e Cadeia Produtiva da Madeira.

 

Mecanização e automação na silvicultura

A palestra de abertura do evento, realizada por Ricardo Malinovski, diretor da Malinovski, trouxe uma análise das tendências para a mecanização da silvicultura no país. Apresentando um estudo realizado com as grandes empresas florestais e fabricantes de máquinas e equipamentos para a silvicultura, Ricardo apontou as principais tecnologias utilizadas na silvicultura mecanizada no Brasil atualmente, e ponderou sobre o futuro do setor, apresentando questionamentos para o desenvolvimento do mercado. “O propósito para alcançar mudanças significativas na silvicultura deve ser do setor, somente desta forma poderemos evoluir. Precisamos encontrar formas para reduzir o número de operações de silvicultura, nos profissionalizar, respeitar as patentes e aumentar a área plantada” concluiu.

Em seguida, Rogério Salamuni, gerente de projetos da Klabin, falou sobre “Tecnologias para Mecanização em Áreas Acidentadas”. Na palestra, Salamuni descreveu as tecnologias atuais e resultados obtidos pela Klabin, como a plantadeira Bracke P12 para preparo de solo e plantio mecanizado e aplicação de herbicidas com drones, uma tendência global no segmento, ou mesmo com helicópteros.

“Durante muito tempo os ganhos em produtividade florestal tiveram o melhoramento genético como carro-chefe. O desenvolvimento tecnológico, manejo de solo e projetos de fertilizações potencializaram o aumento da produtividade. Hoje, o Brasil é reconhecido mundialmente por pela excelência florestal”, apontou o palestrante.

“Utilização de Geotecnologias para o Planejamento e Controle da Silvicultura” foi o tema analisado por Ariel Smoliar, co-fundador e CEO da PlanetWatchers, e John Yanez, consultor florestal da PlanetWatchers no Brasil. Os palestrantes explicaram que, através do uso de imagens, já é feito o monitoramento patrimonial em larga escala. Mesmo assim, Yanez lembra que de nada adiantam as imagens e as informações sem uma criteriosa avaliação dos dados. “É preciso tecnologia para avaliar tudo isso. Só assim temos uma rápida tomada de decisões”, resumiu Yanez.

Lúcio de Castro Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação, debateu a “Utilização de VANTs na Empresa Florestal”. “A área de cartografia, que estava quase estagnada, deu um salto significativo, graças ao uso da tecnologia dos drones. Essa tecnologia vem se mostrando em uma ferramenta importante e fundamental em diversas áreas, inclusive na silvicultura”, relatou.
Em sua palestra, intitulada “Tecnologias Florestais de Precisão e Mercados”, o gerente de geoinformações e proteção florestal da Fibria, Luis Sabbado, dividiu os critérios de desenvolvimento da empresa em três pilares principais: gestão de ativos, gestão de insumos e gestão comportamental. “Temos uma experiência grande de gestão de terra, por isso estamos mais avançados nessa área.” Segundo Sabbado, a Fibria está trabalhando para avançar na gestão de máquinas, veículos, mão de obra, insumos e outros. “Para isso precisamos buscar novas tecnologias. Temos que aumentar produtividade e a velocidade para apurar as informações”, afirmou.

 

Riscos e produtividade florestal

O segundo ciclo de palestras do Encontro lidou com tópicos ligados aos riscos e produtividade florestal, temas relevantes na tomada de decisões do setor. O primeiro palestrante, Helton M. Lourenço (especialista em solos, manejo e ecofisiologia na Veracel), delineou o case da empresa em relação a “Avanços Tecnológicos na Formulação de Adubação para Florestas” e apresentou os resultados concretos obtidos na Veracel.

“Macro e Microplanejamento Silvicultural e Ecossistêmico na Bacia Hidrográfica” foi o tema conferenciado por José Leonardo Gonçalves, professor titular da ESALQ/USP. Desafios antecedentes apontados pelo pesquisador incluem a conjuntura econômica desfavorável, o aumento de custos de serviços e insumo, a diminuição da disponibilidade e qualidade da mão de obra, e maior insegurança climática e fitossanitária.

Hugo Mastropierro, sub-gerente de silvicultura na Montes del Plata, trouxe considerações sobre o “Manejo de Resíduos Visando Ganhos nas Operações Silviculturais”, destacando a importância da mecanização da silvicultura no processo, otimizando ganhos e reduzindo impactos ambientais.

Leonardo R. Barbosa, pesquisador da Embrapa Florestas, discutiu o futuro dos plantios florestais em relação às principais pragas exóticas de eucalipto e novas ameaças no Brasil. “O estabelecimento e manutenção da sanidade de plantios de eucalipto requer: programas de melhoramento com foco na seleção de genótipos resistentes/tolerantes a pragas; medidas reforçadas de quarentena e biossegurança; estratégias de vigilância específicas para pragas de eucalipto; melhor percepção pública sobre pragas; e estruturas políticas apropriadas”, determinou.

Finalizando o primeiro dia de palestras, Caio Antonio Carbonari, professor adjunto FCA/UNES e diretor presidente da FEPAF (Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais), dissertou sobre “Resistência das plantas daninhas: panorama e desafios do setor florestal”.

“Observamos os primeiros impactos da resistência de plantas daninhas na área florestal. Há necessidade de ações preventivas, diversificação dos métodos de controle e dos herbicidas. Devemos explorar mais todas as ferramentas disponíveis”, alertou.

 

Novas oportunidades e mercados

O terceiro bloco visou lançar um olhar para o futuro do mercado florestal mundial. “Silvicultura, Produtividade e ILPF” foi o tema das três primeiras palestras do segundo dia, fornecendo um panorama concreto dos mercados emergentes.

Neste contexto, Fausto Takizawa, secretário-geral da Arefloresta (Associação de Reflorestadores de Mato Grosso), abordou os mercados da teca. “A Ásia é o maior produtor e maior consumidor mundial de teca de plantações, mas é um ciclo de 60 anos. O Brasil vem se tornando um destaque pois tem muita área disponível e muitos fundos de investimentos. Todo o know how de tecnologia para a produção de eucalipto está sendo adaptado e aplicado para a teca. Desafios para o crescimento incluem o alto custo de implementação/manutenção; ciclo de produção longo (20 a 25 anos); ineficiência logística e burocrática no escoamento da produção; e a necessidade de disseminação de inovação e tecnologia para produção de madeira de teca”, salientou.

Quem tratou dos mercados do cedro australiano foi Ricardo Vilela, presidente da ProCedro (Associação Brasileira de Produtores de Cedro Australiano). “Na década passada muitos investimentos se perderam e muita gente se frustrou com o cedro. Colocamos 90% do nosso esforço, intelectual e financeiro, em pesquisas. Investimos em manejo e melhoramento genético. De 2014 para cá, começamos a plantar em escalas maiores, em uma nova realidade. A produção de madeira serrada de nativas vem reduzindo em 12% ao ano; móveis de alto valor, esquadrias e pisos de melhor qualidade, materiais estruturais de madeira, como vigas coladas, e indústrias melhor estruturadas procuram oferta de madeira com qualidade e padronização para a produção mais econômica e eficiente – há grande oportunidade se houver estruturação da cadeia”, ponderou.

Já Patrícia Fonseca, diretora executiva da ABPMA (Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano), disse que: “Dificuldades e incertezas no mercado de mogno africano incluem questões de espaçamento, material genético, irrigação, qualidade da madeira, variações de solo e clima, financiamento e processamento. Mas recentemente tivemos a melhor notícia dos últimos tempos. A Tramontina, presente em mais de 50 países com cerca de 18 mil itens, sinalizou que irá utilizar madeira de mogno africano na produção de produtos.”

A palestrante apontou a integração lavoura-pecuária-floresta como uma alternativa viável para o uso da terra nesse mercado.

Finalizando o bloco, Maria José Zakia, membro da equipe técnica do IPEF (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais) e professora convidada da UNESP, falou aos congressistas sobre as oportunidades para a silvicultura na legislação ambiental.

“Há uma oportunidade imensa pela frente, mas que exigirá mudanças conceituais e na forma de atuar. Estamos ‘condenados’ a mudar (reinventar) ou perderemos a maior oportunidade de conciliação entre produção e conservação. A lei pode ser vista só como limitadora, mas pode (e deve) ser vista como qualificadora. Creio que temos capacidade para praticar uma nova silvicultura”, concluiu.

TENDÊNCIAS

O foco do 4º Encontro Brasileiro de Silvicultura foi a discussão do futuro do segmento no Brasil e no mundo. Algumas das principais tendências apontadas foram:

Maior mecanização das atividades silviculturais, com desenvolvimento de máquinas purpose-built para a operação;

– Uso de VANTs e drones para aplicação de herbicidas, georreferenciamento de mudas e outras atividades deve continuar crescendo e se desenvolvendo no setor;

– Maior confiabilidade no microplanejamento da silvicultura com o uso de ferramentas inteligentes, assim como integração com o planejamento de colheita para automação dos processos florestais;

– Integração Lavoura-Pecuária-Floresta para produção de madeiras nobres;

– Desafios incluem mudanças climáticas, introdução de novas pragas e resistência de ervas daninhas às moléculas do mercado.

Com 40 anos de história e 18 edições, o Seminário de Atualização em Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal é o mais tradicional evento técnico do setor brasileiro de florestas plantadas. Ao longo de sua história, o evento vem crescendo e ganhando cada vez mais relevância no cenário nacional e internacional como um dos grandes palcos de discussão acerca das principais tendências, novidades e tecnologias para colheita e transporte de madeira.

Contando com renomados palestrantes brasileiros e estrangeiros, a 18ª edição do evento – agora simplesmente Seminário de Colheita e Transporte de Madeira – reuniu cerca de 500 profissionais no Centro de Eventos RibeirãoShopping, em Ribeirão Preto (SP), para dois dias de palestras divididas em quatro blocos temáticos principais: Gestão de Processos, Logística, Novas Tecnologias e Cadeia Produtiva da Madeira. A seguir, confira em detalhes as principais tendências para a colheita e transporte de madeira apontadas ao longo dos quatro blocos do evento.

Gestão de Processos

O primeiro palestrante do Seminário, Germano Aguiar, diretor florestal da Eldorado Brasil, deu início às discussões do evento técnico discorrendo sobre a “Diversificação de Sistemas de Colheita e suas Interrelações no Processo Produtivo”. Aguiar analisou os sistemas de colheita de madeira (CTL, Full Tree, Tree Length e Whole Tree) e abordou em detalhes o Projeto Evolution da Eldorado, que buscou alternativas de equipamentos e sistemas de colheita que possibilitassem uma redução de custo em 20% – envolvendo no processo as principais fabricantes de equipamentos de colheita.

De acordo com Aguiar, o corte com harvester de pneu seguido de harvester de esteira apresentaram melhores resultados, enquanto no baldeio há possibilidade de ganhos em produtividade com equipamentos de maior capacidade (forwarder, caminhão, carreta). A maior possibilidade de redução de despesas de capital é encontrada na utilização de carretas florestais, mas há necessidade de validação da vida útil dos equipamentos e custo de manutenção. Como resultado do Projeto Evolution, em 2018, 25% da colheita da Eldorado utilizará o sistema harvester de esteira + carreta florestal.

Em seguida, John Garland, professor emérito da Oregon State University, abordou as principais discussões atuais acerca da “Segurança Operacional em Áreas Declivosas”. O pesquisador destacou, por exemplo, a rápida expansão dos sistemas de ancoragem (como o uso de guinchos florestais) para colheita de madeira nos Estados Unidos, o que contribuiu para uma grande redução no número e na gravidade dos acidentes no estado do Oregon. Segundo Garland, os pesquisadores estão trabalhando com quatro objetivos em mente: demonstrar novos sistemas mecanizados de colheita com a colaboração da indústria; analisar as respostas práticas e fisiológicas dos operadores durante a operação; desenvolver orientações e critérios para o design de novos sistemas de colheita; e educar os profissionais envolvidos no segmento.

“O desafio é que novos sistemas sempre trazem novas perguntas: são mais seguros? Trazem novos riscos à segurança? São tecnologicamente e economicamente viáveis? Quais são os requerimentos para o treinamento? São ambientalmente aceitáveis?”, disse o palestrante.

O próximo profissional a falar foi Daniel Moraes Pessoa, especialista de processos de negócio e tecnologia da Duratex, que discutiu o “Uso da Mobilidade na Gestão de Manutenção Mecânica”. O profissional destacou as últimas inovações tecnológicas implementadas na Duratex, como o uso do sobrevoo de drones na colheita e silvicultura para antecipação e previsão de eventos e a implementação de plataformas móveis para utilização de ferramentas de Business Intelligence e Analytics, visando atingir o patamar tecnológico apontado como Florestal 4.0.

“Temos que fazer cada vez mais com menos. Estamos evoluindo cada vez mais para simplificar e agilizar processos. Nossos colaboradores estão mudando, exigem mais tecnologias e avanços, e é isso que buscamos fazer”, afirmou.

A quarta palestra do primeiro bloco, “Operadores para Máquinas e Implementos: Treinamento, Aperfeiçoamento e Avaliações”, foi ministrada por Bruno Fernandes, coordenador de colheita florestal da Cenibra. O profissional falou sobre a realidade atual da Cenibra e como os investimentos em simuladores virtuais e treinamentos operacionais de campo resultaram em um case de aperfeiçoamento profissional de sucesso.

“O que se espera de um operador para chegar em alta performance operacional é: comportamento seguro; bom relacionamento interpessoal; visão de processo (precisa conhecer o impacto de seu trabalho); maior cuidado com o equipamento; alta produtividade; e melhor utilização do tempo produtivo do equipamento”, definiu.

Já o último palestrante do bloco, Marcelo Acioli, gerente florestal Brasil e Paraguai da ADM, enumerou os pontos centrais para “Qualidade e Valor na Produção de Biomassa.

Conforme destacou em sua fala, os objetivos devem ser: custo cavaco posto fábrica menor que o comprado no mercado; qualidade do cavaco melhor que o entregue pelo mercado; garantir suprimento e cadência diária ao longo de todo o ano; reduzir capital investido ao menor nível possível; e manter todas as operações florestais alinhadas à filosofia da empresa.

 

Logística

Tomás Balistiero, gerente geral de operações florestais da Fibria em Mato Grosso do Sul, abriu o bloco Logística trazendo as tendências para “Sistemas de Monitoramento Online de Máquinas e Equipamentos”. “Nosso principal desafio é: Como gerenciar operações e atingir resultados extraordinários?” indagou aos participantes.

Ao detalhar as tecnologias utilizadas atualmente pela Fibria (computadores de bordo, apontamento eletrônico, GPS, drones, câmeras on-board, sistemas para gestão de frota, telemetria etc.), Balistiero demonstrou uma possível solução para sua própria pergunta: quando corretamente empregadas, os sistemas digitais de monitoramento auxiliam grandemente na tomada de decisões, aumento da produtividade e redução de custos operacionais.  Ainda, grande desenvolvimento está por vir nos ramos da robótica, inteligência artificial, Big Data e mais.

Em seguida, Hermesson Nardino, gerente de operações na JSL, discorreu sobre “Avanços Tecnológicos no Transporte de Madeira”. Apresentando um case de projeto da JSL, o profissional falou sobre o uso de tecnologias como sistemas de telemetria e evolução dos implementos utilizados no transporte, com grandes ganhos para o segmento, mas também apontou desafios como a necessidade de se equilibrar a redução de tara com resistência estrutural e a qualificação e treinamento da mão de obra de manutenção, operadores de carregamento e descarga.

O tema “Colheita Florestal em Pequenas e Médias Propriedades” ficou por conta de Fabiano Stein, gerente de suprimento de madeira na Veracel. Stein discutiu a reestruturação da empresa face às propriedades adquiridas recentemente, com plantios em áreas declivosas. Os desafios superados incluem a reestruturação da frota de máquinas da companhia, retreinamento das equipes de campo e mudanças estruturais no planejamento. De acordo com o palestrante, o foco principal dessas mudançås foi na segurança da operação e maior direcionamento nas ações do operador, visando ao mínimo possível de perda de produção nas operações.
Altair Negrello Jr., gerente de produção de madeira na Klabin, palestrou sobre “Otimização e Planejamento na Logística de Abastecimento Florestal”. “O planejamento deve olhar para o sistema como um todo: colheita, estradas, transporte, ambiência, comercialização e silvicultura. Quanto maior a complexidade das operações, maior a necessidade de respostas rápidas. Quanto mais próxima à realidade, ou seja, nos níveis semanal e mensal, mais complexa a modelagem. Não há um bom planejamento quando este não pode ser executado ou é difícil de pôr em prática”, enfatizou.

“Otimização de Estradas Florestais para Sistemas de Colheita Florestal” foi o último tema do bloco, explorado por John Sessions, professor de silvicultura e presidente da gestão de operações florestais na Oregon State University. Com grande aprofundamento técnico, o pesquisador trouxe como principais pontos de discussão otimização de estradas em relevo plano, otimização de estradas em relevo montanhoso, estratégias de desbaste e otimização de revestimento da pista de rolamento. “Modelos qualitativos podem ser de utilidade para a sua operação. Se os modelos quantitativos não correspondem à realidade atual, é importante procurar o porquê”, concluiu.

 

Novas Tecnologias

O uso de tecnologias de ponta para colheita de madeira é sempre um ponto de discussão entre os profissionais do setor, e por isso rendeu seu próprio ciclo de palestras. Logo de início, o sul-africano Andrew McEwan, diretor geral da CMO International, trouxe uma visão mundial para o tema “Tendências Globais para Máquinas e Equipamentos para Colheita de Madeira”.

Em sua palestra, McEwan indicou alguns dos principais fatores que influenciarão o desenvolvimento das florestas do futuro: o tipo e natureza do proprietário florestal; mudança na demanda por produtos florestais novos e diferentes; fatores ligados às mudanças climáticas (biomassa para energia, mercado de créditos de carbono); serviços para ecossistemas; e as certificações de sustentabilidade para florestas plantadas. Esses fatores, segundo o palestrante, afetarão o próprio desenvolvimento das florestas e as tecnologias que precisarão ser desenvolvidas para elas.

A internacionalização do evento continuou com a palestra de Oliver Thees, líder do grupo de pesquisa “Sistemas de produção florestal” no Instituto Federal de Pesquisa Suíço WSL. Comentando sobre “Colheita de Madeira em Área Declivosas”, com foco nas recentes tecnologias empregadas na Suíça, Thees apresentou o case do país e concluiu com os desafios futuros: aceitação social da produção de madeira; aumento nas demandas de serviços ambientais; maior redução de custos no gerenciamento de florestas; novos modelos de financiamento; e adaptação da colheita de madeira às mudanças climáticas.

Apontando uma interessante tendência, Rodrigo Zagonel, gerente de silvicultura e viveiro ES/BA da Fibria, investigou os “Avanços da Mecanização da Silvicultura e sua Integração com a Colheita de Madeira”. “Com esses avanços, teremos gestão de alta performance, telemática e inteligência artificial, veículos autônomos, HET – Human Enhancement Technologies e robotização das operações de colheita”, disse Zagonel.

Já a fala do canadense Doug Jones, vice-presidente sênior da Remsoft Inc., intitulada “Otimizando a Cadeia Florestal: Planejando o processo de colheita e entrega”, trouxe os benefícios de se otimizar o gerenciamento das variáveis da cadeia produtiva com o auxílio da tecnologia: inventários menores e entrega just-in-time; custos menores de colheita com a opção otimizada pelo sistema de colheita; custos menores de transporte; aumento de valor e de lucro para vendas externas; redução no tempo de planejamento e análise de cenários.

Para fechar o bloco, Richard Mendes Dal Aqua, gerente de geoprocessamento e cadastro florestal da Suzano, pronunciou-se sobre o “Uso de Drones como Ferramenta para o Microplanejamento”. Segundo o palestrante, longe de serem tecnologias de um futuro distante, os drones e VANTs já são realidade no setor florestal, tanto na silvicultura quanto no planejamento da colheita – e devem permanecer crescendo no mercado.

 

TENDÊNCIAS

O 18º Seminário de Colheita e Transporte de Madeira apontou diversas tendências para o futuro do setor. Separamos algumas das principais delas para você:

– Adaptação da produção florestal às novas demandas do futuro, como desafios ambientais ligados às mudanças climáticas;

– Novas tecnologias para maximizar segurança e conforto dos operadores, mesmo em operações mais desafiadoras como áreas declivosas;

– Avanços na mecanização da silvicultura poderão permitir a colheita de madeira automatizada;

– Inteligência Artificial, robótica, automação, Big Data, machine learning e outras ferramentas inteligentes não estão mais tão distantes.

Dia 11 de abril. Sete e meia da manhã. A poeira começou a subir nas estradas que levam ao coração de uma floresta de 200 hectares de eucalipto clonal, pertencentes à International Paper. Em seus carros, picapes, caminhonetes, ônibus e vans, os florestais foram chegando. Eram professores, estudantes e pesquisadores das principais instituições de pesquisa florestal do país. Eram profissionais, gerentes, diretores e gestores das maiores empresas de base florestal e fabricantes de máquinas e equipamentos do Brasil e do mundo.

Sob o calor do sol da manhã e a sombra dos eucaliptos, os visitantes encontraram, já no estacionamento, enormes máquinas florestais da John Deere, Komatsu Forest, Tigercat e Ponsse, fornecendo desde a entrada um vislumbre do lema Extreme, que é a alma do evento – e do próprio setor florestal.

Voltando os olhos para a entrada da feira, os presentes se depararam com os enormes “portões” de toras de madeira empilhadas. Na área além do portal, 240 empresas expositoras os aguardavam em seus estandes para apresentar as mais modernas tecnologias para produção de madeira de florestas plantadas.

Enquanto aguardavam pela abertura da feira, os profissionais tiravam fotos entre as enormes máquinas, pneus e cabeçotes em exibição, e foram estremecidos por um barulho que veio do ar: um avião amarelo, reluzindo sob o sol, sobrevoou a floresta, realizando aplicação de herbicidas na primeira das dezenas de demonstrações dinâmicas da feira.

Às 8h45, teve início a solenidade de abertura, que celebrou a força e a união do setor florestal brasileiro. Por fim, após ser plantada a muda inaugural da feira em frente ao estande da International Paper, os portões foram abertos e começou o fluxo de visitantes, que não cessou durante os três dias de evento.

Era chegada a hora de vivenciar o espírito Extreme da 4ª Expoforest, a Feira Florestal Brasileira.

 

BOX – CERIMÔNIA DE ABERTURA

Os portões da Feira Florestal Brasileira foram abertos logo após a cerimônia de abertura do evento, que discutiu a importância, o crescimento e potencial do setor florestal brasileiro.

“O setor florestal necessita de um local onde possam ser demonstradas as mais modernas tecnologias, insumos e conhecimento produzido no segmento. As novas florestas, sejam de expansão ou de reformas, devem certamente ser implantadas com tecnologia de ponta – e muitas das técnicas a serem usadas com certeza estão aqui, apresentadas nesta feira”, declarou Jorge R. Malinovski, diretor geral da Malinovski, empresa organizadora da Expoforest.

Participaram da cerimônia João Salomão, Coordenador Geral de Florestas e Assuntos da Pecuária do MAPA; Adolfo Benedetti Neto, assessor da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, representando Rubens Naman Rizek Jr, Secretário em Exercício de Estado da Agricultura e Abastecimento de São Paulo; Edson Tadeu Iede, Chefe Geral da Embrapa Florestas; Edmilson Rodrigues, Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Serviços de Ribeirão Preto, representando o prefeito Duarte Nogueira; Rodrigo Davoli, presidente da International Paper América Latina (IP Latam), Leandro Luciano dos Santos, prefeito de Santa Rita do Passa Quatro; e Maurício Brusadin, Secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo

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A floresta do amanhã

Se os eventos técnicos da 4ª Semana Florestal Brasileira abordaram as principais tecnologias emergentes e tendências para o futuro da silvicultura, colheita e transporte de madeira no setor de florestas plantadas, a Expoforest foi o local onde esse futuro pôde ser testemunhado em primeira mão.

As 240 empresas expositoras da edição 2018 englobaram todas as principais áreas da cadeia produtiva florestal, como silvicultura, insumos, colheita, transporte, tecnologia, biomassa e processamento de madeira, levando seus produtos, serviços e soluções aos visitantes em demonstrações estáticas e dinâmicas.

Durante a feira, os visitantes puderam conferir as novidades nas áreas de atuação dos expositores, que são diversas e incluem fertilizantes, seguros florestais, garras, caminhões e fueiros, serras, herbicidas e fungicidas, drones e VANTs, pneus florestais, softwares de gestão, estações meteorológicas, cabeçotes e implementos, veículos off-road, iscas formicidas, tubetes, sistemas hidráulicos, EPIs, soluções para detecção de incêndios florestais, válvulas e conexões, tecnologias para viveiros florestais e produção de sementes, pulverizadores, máquinas para silvicultura mecanizada, sistemas de telemetria, picadores, trituradores e tecnologias para biomassa florestal – e muito mais.

Com base nos lançamentos e novidades apresentados na feira (e o conhecimento discutido nos eventos técnicos), é possível vislumbrar como serão as florestas plantadas do amanhã: melhoramento genético avançado em diversas espécies alternativas ao eucalipto e pinus, inclusive no mercado de madeiras nobres; silvicultura mecanizada, do preparo de solo ao plantio, com planejamento integrado à colheita;  talhões 100% georreferenciados e mapeados com LiDAR e VANTs munidos de câmeras multiespectrais e softwares avançados; colheita de madeira automatizada; uso ferramentas de Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT), machine learning, Big Data e Analytics, com plataformas de gestão inteligentes e integradas; florestas seguradas, certificadas e monitoradas, com grandes ganhos em produtividade, sustentabilidade (ambiental, social e econômica) e segurança.

A seguir, confira uma pequena parte das principais inovações apresentadas da Expoforest, passando por diversas áreas da cadeia produtiva florestal – do silvicultura mecanizada às novas moléculas para controle de matocompetição.

 

Inovações em máquinas para colheita

Em toda feira florestal mundial, o lançamento e a apresentação de máquinas, implementos e equipamentos purpose-built (especificamente projetados para a atividade florestal) são sempre um dos grandes atrativos para os visitantes, principalmente para os representantes de grandes empresas de base florestal.

Máquinas cada vez mais produtivas, seguras, econômicas, estáveis, conectadas e inteligentes (graças ao uso de tecnologias embarcadas e algoritmos de machine learning), além de novos simuladores para treinamento de operadores com tecnologias de realidade virtual, parecem ser a tendência para o futuro das grandes fabricantes.

E essas fabricantes não param de inovar: a finlandesa Ponsse, que lançou o cabeçote H77 na edição 2014 da Expoforest, realizou agora o lançamento mundial de uma nova grua para seus forwarders, a K121, projetada para atender à demanda do mercado principalmente da América do Sul. Ela tem um aumento de levante de 22% e um torque de giro 45% superior às versões anteriores, além de uma garra 16% maior, apresentando maior produtividade, potência e capacidade de elevação. A Ponsse levou à feira 18 máquinas (em conjunto com a Timber Forest), realizando três demonstrações dinâmicas ao dia, e apresentou, além da K121: a plataforma Ponsse Manager; novos simuladores para harvesters de escavadeira, com ferramenta de realidade virtual; e melhorias estruturais nas máquinas para maior eficiência de combustível.

Já a principal novidade da John Deere, na Expoforest 2018, foi a 2144G, primeira máquina florestal construída pela John Deere fora das fábricas tradicionais e a primeira fabricada no Brasil. A 2144G foi pensada e projetada para o mercado brasileiro para atuar como carregador, harvester, processador ou garra traçadora – uma máquina multifuncional, versátil e robusta, com a maior força de giro de sua classe. A multinacional americana apresentou as quatro versões da máquina aos visitantes, além de toda sua linha de soluções para o mercado florestal.

Em seu estande, na área dinâmica da feira, a Komatsu Forest realizou demonstrações de máquinas como o harvester de pneus 931XC, com oito rodas, que oferece conforto ao operador, baixa compactação de solo, excelente manobrabilidade e estabilidade para operações em áreas declivosas. Superar o desafio dos terrenos declivosos é o que a Komatsu propõe, com diversas soluções como guinchos florestais apresentadas na feira. Outra novidade recente da companhia é a aquisição da sueca Oryx Simulators, visando ampliar o portfólio Komatsu de soluções florestais.

Representada por seus revendedores no Brasil, a PESA e a Sotreq, a Caterpillar apresentou na Expoforest toda a sua linha de produtos florestais. Ainda, a CAT levou à feira seus produtos da marca SEM, como as carregadeiras SEM618D e SEM638D, lançadas neste ano em todo o Brasil, além de novidades para silvicultura.

Em conjunto com a Tracbel, sua representante no Brasil, a Tigercat trouxe máquinas como o harvester de oito rodas 1185, o maior de sua categoria no mundo, capaz de carregar um cabeçote de corte de 2,5 toneladas, permitindo maior longevidade ao equipamento.

Outra novidade é o novo forwarder da PenzSaur, cujo diferencial é o projeto e a fabricação 100% brasileiros. A nova máquina (6×6, 14 toneladas) foi especificamente concebida para a realidade do mercado nacional.

Também foram apresentados na feira uma ampla gama de implementos florestais, especialmente cabeçotes de harvester e feller, com a entrada de novos players no mercado brasileiro, como Quadco e Southstar. As novidades incluem avanços no desgalhamento do eucalipto e a possibilidade de se processar múltiplas árvores simultaneamente em florestas de baixo VMI.

 

Silvicultura mecanizada

Conforme apontado no 4º Encontro Brasileiro de Silvicultura, a mecanização das operações silviculturais é uma tendência irrevogável para o futuro do setor. Visando alcançar o mesmo patamar de mecanização já estabelecido para a colheita e transporte de madeira, as fabricantes de máquinas e equipamentos especializados já estão trabalhando para superar um dos grandes desafios do segmento: a falta de máquinas purpose-built para a silvicultura mecanizada, suprida hoje pela adaptação de máquinas agrícolas. Limpeza de áreas, preparo de solo e plantio mecanizado são algumas das capacidades das novas máquinas do segmento.

“Vemos a mecanização das operações de silvicultura como um futuro promissor no Brasil e estamos animados com esta perspectiva. Estamos trabalhando para desenvolver novos modelos e máquinas para essas atividades, como nosso mulcher 480B com cabeçote Tigercat”, disse Grant Somerville, presidente da Tigercat.

No estande da Roman do Brasil, visitantes puderam conferir as soluções da J. Hartwich para silvicultura mecanizada: pulverizador de aplicação combinada em linha e entrelinha; aplicador mecanizado de formicida; fertilizador de cobertura; regador florestal; e plantadeira mecanizada com sistema de dosagem de adubo e de aplicação de gel concentrado. Ainda, a combinação de equipamentos resulta em soluções ainda mais versáteis, como o limpa trilho e cortador de ramos.

A CAT também também buscou apresentar novidades para silvicultura, preparo de solo e nivelamento de plantio anterior à colheita. “Destaque para o Trator de Esteiras D8T com arranjo florestal que inclui lâmina em ‘V’ e subsolador, que permite remover os tocos à frente e preparar o terreno ao mesmo tempo e com melhor produtividade”, disse o consultor de marketing de produtos florestais da CAT, Marcelo Antunes.

As plantadeiras da fabricante sueca Bracke também foram atrativos do estande da Roman do Brasil. Já a Savannah divulgou suas soluções para cultivo mínimo, como a linha de arados com levante pantográfico Eco-Til e o Bioforce (subsolador com lâmina V-Shear).

No preparo de solo, a Diamond Mowers, visando aumentar sua presença no mercado brasileiro, apresentou o skid-steer Rotary Mower, implemento frontal capaz de cortar árvores de até 26 cm de diâmetro.

E as inovações tecnológicas também se estendem às tecnologias para viveiros e mudas. Visando o fim da logística reversa dos tubetes, a Correia Neto apresentou uma inovação na Expoforest: o SIS BGC (Berço Germinador Compostável), nova tecnologia para produção de mudas que proporciona mais economia e velocidade aos viveiros, contemplando a produção do BGC, o embandejamento automático, germinação, expedição e plantio de mudas.

 

Frotas inteligentes

A evolução tecnológica não se restringe às máquinas purpose-built e tampouco às áreas de silvicultura e colheita. A busca por inovação também é propulsora do desenvolvimento no transporte de madeira e na gestão inteligente das frotas de veículos utilizados na operação. Tendências apontadas pelas grandes fabricantes presentes no evento (MAN, Mercedes, Scania, Volvo) é a busca por frotas mais sustentáveis, com redução no uso de combustível graças a inovações estruturais, maior segurança e conforto aos motoristas, maior tecnologia embarcada para gestão integrada da frota e telemetria dos parâmetros de operação.

Em suas vastas áreas na parte dinâmica da Expoforest, as fabricantes de caminhões apresentaram suas inovações e permitiram aos visitantes testar os veículos em primeira mão, realizando test drives na própria floresta. A MAN, estreante na feira, apresentou modelos como a linha Delivery, maior plataforma de carga do mercado para transporte de insumos (não madeira), e os caminhões Constellation 15.190 4×4 e Constellation 32.360.

A novidade apresentada pela Scania para madeira e celulose foi o Super Rodotrem R 620 6×4, equipado com motor V8, e recém-lançado pela marca. Inédito, o caminhão foi lançado para atender uma necessidade da cadeia com um novo conjunto de 11 eixos e capacidade de carga para até 91 toneladas. Outros quatro modelos foram expostos, atuando em diferentes fases do transporte – da operação na floresta ao escoamento do produto final.

Na Mercedes, o destaque ficou para o extrapesado Axor 3344 8×4 plataforma off-road para transporte de madeira, cuja primeira unidade foi demonstrada na Expoforest. Junto com o modelo Actros 2646 6×4, os caminhões estavam disponíveis para test drive atrelados a semirreboques para transporte de madeira. Força, robustez, resistência, baixo custo operacional, disponibilidade para o trabalho e elevado nível de conforto para o motorista são algumas das características dos veículos.

Em seu estande, a Volvo apresentou aos visitantes os modelos FMX, FH e VM e suas avançadas soluções em transmissão e motorização, com potência e torque otimizados para operação florestal. Equipado com caixa de câmbio Volvo I-shift Off Road (com opções de fábrica de 13 ou 14 marchas), o modelo FMX permite capacidade máxima de tração de até 300 toneladas em aplicações específicas.

Outras tecnologias apresentadas para o segmento incluem inovações estruturais em pisos móveis, fueiros e medidores de carga, assim como o sensor de fadiga da Elithium, solução de monitoramento de imagem e sistema de reconhecimento intuitivamente inteligente, com detecção e alerta de sonolência no começo e durante a condução.

 

Georreferenciamento e tecnologias inteligentes

Uma tendência clara para o futuro da indústria como um todo – e do setor florestal – é um aumento exponencial das ferramentas inteligentes e do gerenciamento de variáveis em grande escala (Big Data). O uso de tecnologias de Inteligência Artificial, algoritmos de machine learning e ferramentas de Analytics permitirá a gestão inteligente dos dados para redução de custos e aumento da produtividade florestal.

O georreferenciamento já é um passo essencial rumo às florestas do futuro. De acordo com as soluções apresentadas por fabricantes como a 14pix, Spectrum, Horus Aeronaves e WW Aeroagrícola, o uso de drones e VANTs, já em implantação no setor florestal, deve seguir se desenvolvendo com tecnologias como câmeras multi-espectrais e LiDAR.

Além dos céus, o setor florestal do futuro terá também um olho no espaço. A expositora Visiona Espacial apresentou na feira soluções como serviços de sensoriamento remoto orbital multiplataforma com constelação virtual de  29 sensores orbitais (radar e óptico) de observação da Terra para monitoramento florestal e um acervo integrado de imagens orbitais de alta e altíssima resolução espacial.

O mapeamento preciso e integrado das florestas plantadas é essencial para o desenvolvimento de plataformas inteligentes de gestão capazes de integrar todos os processos florestais. Por sua vez, os próprios softwares de gestão também estão evoluindo rapidamente, e grandes empresas do segmento, como a Trimble Forestry, Inflor, Hexagon e Imagem (distribuidora oficial da plataforma ArcGis no Brasil), divulgaram suas soluções na feira, abrangendo desde a silvicultura de precisão.

O futuro também parece promissor para as startups florestais da área de tecnologia, como a brasileira Treevia Forest Technologies e a estoniana Timbeter. A Treevia esteve presente com o sistema SmartForest, um SaaS (software as a service) de processamento de informações florestais que se conecta com sensores IoT (Internet das Coisas), permitindo o controle dos ativos florestais de forma automatizada, além da gestão, coleta, processamento e planejamento de inventários florestais de forma automatizada.

Já o aplicativo desenvolvido pela Timbeter para medição precisa de madeira tem visto um grande crescimento de downloads no mercado brasileiro (620% de 2016 a 2017). Recentemente, a Timbeter lançou uma nova versão do aplicativo mobile, ideal para companhias que medem toras de madeira dentro de contêineres e exportadoras de madeira de celulose. “A movimentação foi tamanha que mal tivemos tempo para comer. Essa é a feira mais incrível da qual já participamos”, disse o fundador e CEO da empresa, Vallo Visnapuu.

 

Melhoramento genético

Todas as evoluções previstas e apresentadas até o momento não seriam possíveis, é claro, se não houvesse avanços desde a fase de concepção das florestas – ou seja, diretamente no melhoramento genético das espécies plantadas. Isso inclui tanto desenvolvimento de novos clones para espécies já estabelecidas quanto o melhoramento genético para introdução de novas espécies no país, especialmente para produção de madeira nobre.

Na Expoforest, a ArborGen lançou novos clones de eucalipto em escala semi-operacional e novos clones de Pinus taeda. Ainda, a empresa lançou o projeto “Desafio da Máxima Produtividade” em parceria com a Produquímica, representando a junção entre genética e nutrição de plantas visando alta performance para a melhoria contínua do crescimento e rendimento do setor florestal.

Na área dinâmica da feira, a Kolecti Recursos Florestais realizou demonstrações de seus serviços, que incluem colheita e resgate de materiais genéticos, beneficiamento de sementes, polinização controlada, propagação vegetativa e instalação e medição de experimentos, tudo com o uso de equipamentos para trabalho em altura e profissionais especializados.

No segmento de madeiras nobres, a Bela Vista Florestal, empresa especializada em cedro australiano, apresentou novas mudas clonais desenvolvidas pela companhia e protegidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária.

 

Combate a ameaças

Para garantir a produtividade, é essencial combater as grandes ameaças aos plantios florestais, principalmente as pragas biológicas (insetos, fungos, nematoides, ervas daninhas etc.). A inovação no segmento de novas moléculas e soluções para combate a ameaças tende a priorizar operações mais sustentáveis, com menor toxicidade e embalagens biodegradáveis – além de georreferenciadas e projetadas para facilitar a aplicação mecanizada.

Uma das novidades foi apresentada pela Unibrás, trata-se do ATTA FLEX Costal GPS, ferramenta de gestão no controle de formigas cortadeiras que permite a rastreabilidade da atividade de aplicação de iscas formicidas ATTA MEX-S. A tecnologia inserida no equipamento costal de aplicação permite georreferenciar o caminhamento do operador no campo e as doses aplicadas, fornecendo informações precisas do local e do período de aplicação das iscas.

A tecnologia de aplicação do Mebio (formicida granulado em microembalagem biodegradável) foi o lançamento da Dinagro na feira. O invólucro protetor de iscas formicidas Dinagro-S tem características de alta taxa de permeabilidade ao oxigênio conferindo alta atratividade para as formigas cortadeiras e baixa taxa de permeabilidade ao vapor d´água.

Já a Atta Kill, empresa do Grupo Agroceres, apresentou duas novidades: o Mirex-S2, nova formulação com concentração de princípio ativo a 0,2% (33% menor que as tradicionais iscas de sulfluramida) e o programa Result, desenvolvido para a gestão das operações de controle das formigas cortadeiras, utilizando tecnologias operacionais modernas para resultados de máxima eficiência e menores custos por área controlada.

Contemplando outras ameaças, as gigantes multinacionais do setor de químicos marcaram presença na Expoforest com grandes demonstrações práticas na área dinâmica da feira. A Syngenta apresentou seu portfólio completo de soluções para o eucalipto do viveiro ao campo, com ênfase na divulgação do inseticida Match EC para combate à lagarta desfolhadora do eucalipto. Por sua vez, a FMC apresentou sua linha de inseticidas, herbicidas e nematicidas para cultura do eucalipto, enquanto a Bayer focou nas demonstrações do herbicida pré-emergente Esplanade, já aplicado em mais de 70 mil ha de floresta plantada no Brasil. A campanha “Bayer Florestas: caminho livre para a produtividade” levou os visitantes por um espaço demonstrativo da linha do tempo da floresta de eucalipto, da muda a uma árvore de 8 meses, com interação com os produtos Esplanade e Fordor 750 WG.

Na DowAgroscience, além do amplo portfólio de herbicidas florestais da empresa, o destaque ficou por conta do lançamento herbicida Míssil, um graminicida seletivo pós-emergente para cultura de eucalipto, pinus e acácia negra. O desenvolvimento de herbicidas pós-emergentes e a busca por menor toxicidade são tendências para o setor.

Outras soluções apresentadas pelos expositores, incluem a prevenção e controle das ameaças meteorológicas e incêndios florestais. As empresas de tecnologia AG Solve e Sigma Sensors levaram à Expoforest estações meteorológicas portáteis para fácil uso no campo, assim como softwares e plataformas para controle e análise dos dados coletados. Já a Sintecsys apresentou seu sistema de detecção automática de incêndios florestais, demonstrando aos visitantes o uso da plataforma integrada para o monitoramento das florestas.

 

Essas são apenas algumas das novidades, soluções e serviços apresentados durante a Expoforest 2018 – mas muito mais aconteceu nos três dias da feira florestal mais dinâmica de 2018. Para conhecer mais sobre as empresas participantes, confira a lista de expositores e suas áreas de atuação no site oficial do evento.